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I - CONTOS DE MORTE MORRIDA
Ernani SSó
Companhia das Letrinhas
A Morte anda de preto, usa uma gadanha e nunca senta.Até dormir ela dorme de pé. Mas não se engane. Ela sempre acorda na hora certa. E a gadanha está sempre afiada...
Encontre com a morte em nove histórias do folclore, cheias de humor e movimento...
Eis aí a primeira:
A Morte e o
Ferreiro
Há muito tempo, quando os bichos falavam e o sol tinha fases como
a Lua, dois reinos vizinhos entraram em guerra.
Foram tantas as batalhas que a Morte quase se cansou de
trabalhar.
Levava gente da manhã à noite, mesmo aos domingos.
Quando tudo terminou, sete
anos depois, a gadanha dela tinha perdido o fio e quebrado a ponta.
Então a Morte procurou um ferreiro, numa pequena aldeia, perto do último campo de batalha.
Então a Morte procurou um ferreiro, numa pequena aldeia, perto do último campo de batalha.
Ele era um homem valente,
não se assustou ao ver a Morte parada na porta.
-Já chegou a minha hora?
-Não. Preciso dos seus serviços.
A Morte mostrou a gadanha.
-Precisa de uma lâmina nova - o ferreiro disse. -Vai demorar um pouco. Melhor a senhora se sentar.
-Eu nunca sento - a Morte respondeu.
Entregou a gadanha e ficou num canto, confundida com as sombras.
O ferreiro segurou a gadanha, sentiu o peso dela e disse:
-Parece uma gadanha comum.
-É uma gadanha comum, na mão dos outros - a Morte disse.
O ferreiro trabalhou a noite toda.
-Já chegou a minha hora?
-Não. Preciso dos seus serviços.
A Morte mostrou a gadanha.
-Precisa de uma lâmina nova - o ferreiro disse. -Vai demorar um pouco. Melhor a senhora se sentar.
-Eu nunca sento - a Morte respondeu.
Entregou a gadanha e ficou num canto, confundida com as sombras.
O ferreiro segurou a gadanha, sentiu o peso dela e disse:
-Parece uma gadanha comum.
-É uma gadanha comum, na mão dos outros - a Morte disse.
O ferreiro trabalhou a noite toda.
Pela madrugada, a gadanha
tinha uma lâmina nova. Chegava a brilhar de tão afiada e pontuda.
A Morte saiu das sombras, pegou a gadanha, examinou-a.
-Ficou muito boa, ferreiro. Quanto lhe devo?
-Nada
-Então, obrigada. Até outro dia.
-Espere aí. Quero um favor em troca.
A Morte esperou.
-Quero que a senhora me avise com antecedência. Para eu me preparar pra minha hora.
-Avisarei - ela disse sem nem virar, e sumiu na rua.
Anos e anos se passaram. O ferreiro nunca mais teve notícia da Morte.
Na verdade até esqueceu dela.
Uma noite, voltando pra casa, viu um brilho branco nas sombras. Eram os dentes da Morte sob o capuz preto.
A Morte saiu das sombras, pegou a gadanha, examinou-a.
-Ficou muito boa, ferreiro. Quanto lhe devo?
-Nada
-Então, obrigada. Até outro dia.
-Espere aí. Quero um favor em troca.
A Morte esperou.
-Quero que a senhora me avise com antecedência. Para eu me preparar pra minha hora.
-Avisarei - ela disse sem nem virar, e sumiu na rua.
Anos e anos se passaram. O ferreiro nunca mais teve notícia da Morte.
Na verdade até esqueceu dela.
Uma noite, voltando pra casa, viu um brilho branco nas sombras. Eram os dentes da Morte sob o capuz preto.
O ferreiro disse:
-Tudo bem? Veio me avisar?
-Não. Vim buscá-lo.
-Mas como?! A senhora prometeu que ia me avisar com antecedência.
-Eu avisei.
-Não recebi aviso nenhum.
-Seus cabelos ficaram brancos?
-Ficaram.
-Seu rosto se encheu de rugas?
-Sim.
-Suas pernas ficaram fracas?
-Ficaram. Estou até usando bengala.
-Suas costas encurvaram?
-Encurvaram.
-Então, ferreiro? Quantos avisos mais você queria?
-Mas velho assim eu posso morrer com oitenta anos, com cem ou cento e vinte.
-Tudo bem? Veio me avisar?
-Não. Vim buscá-lo.
-Mas como?! A senhora prometeu que ia me avisar com antecedência.
-Eu avisei.
-Não recebi aviso nenhum.
-Seus cabelos ficaram brancos?
-Ficaram.
-Seu rosto se encheu de rugas?
-Sim.
-Suas pernas ficaram fracas?
-Ficaram. Estou até usando bengala.
-Suas costas encurvaram?
-Encurvaram.
-Então, ferreiro? Quantos avisos mais você queria?
-Mas velho assim eu posso morrer com oitenta anos, com cem ou cento e vinte.
Um aviso desses não
me serve.
Quero hora com lugar certos.
-Está bem. Dentro de sete dias, aqui no jardim - a Morte disse e sumiu.
O ferreiro ficou quieto, pensando.
Quero hora com lugar certos.
-Está bem. Dentro de sete dias, aqui no jardim - a Morte disse e sumiu.
O ferreiro ficou quieto, pensando.
Sete dias não era muito.
Precisava se apressar.
Mas o ferreiro não se apressou.
Mas o ferreiro não se apressou.
Nesses sete dias, fez o
que sempre fazia, do jeito que sempre fazia.
Apenas passou mais tempo
com os netos, contando histórias.
Quando o prazo se encerrou, ele estava no jardim, à espera da Morte.
Ele não disse nada.
Quando o prazo se encerrou, ele estava no jardim, à espera da Morte.
Ele não disse nada.
Ela também não disse nada.
Foram andando juntos como velhos amigos.
Foram andando juntos como velhos amigos.
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PROCURE O LIVRO NA SALA DE LEITURA!
II- OS PEQUENOS GUARDIÕES
David Petersen
Em um mundo hostil e repleto de predadores, os camundongos precisam lutar diariamente pela sobrevivência. Sua única proteção é a guarda , um grupo de bravos ratinhos que cuidam da segurança das cidades e das fronteiras. São acompanhantes, exploradores, meteorologistas, sentinelas, e guarda-costas dos roedores comuns. Para Saxon, Kenzie e Lieam e os outros pequenos guardiões o dia-a-dia é uma aventura cheia de perigos...
RECOMENDADO PELA ASSOCIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS AMERICANAS
Disponível na sala de leitura!!
III - MINHAS ASSOMBRAÇÕES
Angela Lago
Quem não tem assombrações daquelas que não conta pra ninguém,
mas de repente se pega pensando nelas e morrendo de medo?
Este livro é cheio de assombrações verdadeiras.
mas de repente se pega pensando nelas e morrendo de medo?
Este livro é cheio de assombrações verdadeiras.
Ao tratar da inveja, ciúmes, mortes e fantasmas
com humor e ironia, a autora desmistifica aspectos não tão nobres, mas totalmente humanos, da vida e da personalidade de todos nós.
Monstros, fantasmas, acontecimentos sobrenaturais, psicopatas, medo do escuro.
Esta coletânea reúne alguns atores do gênero e apresenta contos capazes de tirar o sono de alguém por muito tempo.
v- DIÁRIO DA JULIETA
Ziraldo
O livro traz uma coletânea de quinze histórias em quadrinhos, todas comentadas pela própria Menina Maluquinha nas páginas de seu diário.
Assim, dá para saber como foi que Julieta ganhou seu primeiro sutiã; decidiu trocar seu gato Romeu; quis fazer uma tatuagem e quando resolveu dar aulas de dança para a amiga Carolina, entre muitas outras.
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