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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Monteiro Lobato


Um pouco da história da  literatura infantil brasileira.

                  
       
Monteiro Lobato e a  literatura infantil, um marco histórico

Hercília Maria Fernandes, em trabalho apresentado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, afirma que coube a Monteiro Lobato a tarefa de instaurar o “divisor  de águas” que separa o Brasil de ontem e o Brasil de hoje.

Ao fazer a herança do passado vigorar sobre o seu tempo, Lobato alcança “o caminho criador de que a literatura infantil estava necessitando”. Rompe, pela raiz, com as convenções estereotipadas e abre as portas para as novas ideias e as novas formas que o século passado exigia.

O autor estreia no gênero infantil em 1921, com a obra  A Menina do Narizinho Arrebitado, que abre caminhos para uma série de publicações de livros infantis, todos com ampla aceitação do público infantojuvenil, em torno da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Com certo tempo e enriquecimento do fabuloso mundo lobatiano, o Maravilhoso passa a compor normalmente o Real e, em lugar de se tornar inverossímil, se “des-realizando”, o processo acaba sendo o contrário, isto é, “o inventado passa a ter foros de realidade”. Lobato, rompendo com os modelos extraídos da Europa, enfatizava a necessidade de se criar uma literatura infantil nacional em que as crianças pudessem “morar”. Em suas palavras:

“Ando com ideias de entrar por esse caminho: livros para crianças. De escrever para marmanjos já enjoei. Bichos sem graça. Mas para as crianças um livro é todo um mundo. 
Lembro-me de como vivi dentro do Robinson Crusoé, de Laemmert. 
Ainda acabo escrevendo livros onde as crianças possam morar. 
Não ler e jogar fora, sim morar, como morei no Robinson e n’Os Filhos do Capitão Grant”.

E Lobato fez muitas crianças morarem em seus livros, a partir dos anos 1920. Sua obra resiste às mudanças do tempo, alcançando a qualidade da eternidade. Desde 1926, o escritor teve seus livros traduzidos em vários países, entre eles: Alemanha, Argentina, Espanha, França, Síria; o que comprova que Lobato conseguiu unir ingredientes que permitiram a eternidade de sua criação. A fórmula é composta a partir da fusão da essência humana e universal com a sua busca pelo nacional, o que possibilita a passagem de suas obras para além-fronteiras do país e faz com que milhares de crianças habitem o fantástico mundo do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
A repercussão chega aos dias atuais, já que a turminha do Sítio voltou a morar na tela da televisão brasileira no início do século XXI.

A obra lobatiana na área infantil é vasta, engloba livros originais, adaptações e traduções. Nas publicações originais, destacam-se, além de A Menina do Narizinho Arrebitado,  O Saci (1921);  Fábulas e O Marquês de Rabicó (1922); A Caçada da Onça (1924);  A Cara de Coruja, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho e  O Circo de Cavalinho(1927);  A Pena do Papagaio e  O Pó de Pirlimpimpim (1930); As Reinações de Narizinho (1931);  Viagem ao Céu (1932); As Caçadas de Pedrinho e Emília no País da Gramática (1933); Geografia de Dona Benta (1935); Memórias de Emília (1936); O Poço do Visconde (1937); O Pica-Pau Amarelo (1939) e A Chave do Tamanho (1942).

As obras de Lobato, constituídas por narrativas aventurescas, desenrolam fatos fascinantes, personagens e celebridades que se originaram da criatividade lobatiana e na memória dos tempos, seja através da história, da tradição oral, das lendas e/ou dos mitos. Essa mistura de imaginário, conhecimentos e heranças histórico-culturais da humanidade expressa a originalidade da obra de Monteiro
Lobato, que busca redescobrir realidades estáticas, cristalizadas pela memória cultural, e dar-lhes nova vida, em meio às reinações do pessoal que vive no Sítio.
                 Fonte: Turma da Biblioteca/Multirio

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